Estou há oito dias na casa - no interior de SP - dos meus pais e além
de ler, comer e dormir muito, também sobrou espaço para muita reflexão. Bem
próximo das festas de fim de ano aconteceram coisas que a princípio eu nomeei
de “boas” e “ruins” e que depois com o passar do tempo, eu percebi que era
errôneo esse rótulo, porque coisas a princípio boas podem se tornar ou terem
partes ruins e vice-versa. Esses acontecimentos foram verdadeiros feedbacks de
tudo o que eu fiz ou me empenhei esse ano. E refletindo sobre tudo isso eu
resolvi escrever uma espécie de resolução para o ano que se inicia, o quão
clichê é isso, não é mesmo? rs.
Pois bem.
Eu não sei se foi a forma como eu fui criada ou se é inerente do meu ser ou se são as duas coisas, mas o fato é que eu sou uma pessoa que se preocupa demais com as outras. Eu já ouvi várias vezes que eu sou “a mãe” da turma, isso mesmo antes de eu ser mãe. Meu pai brinca, que para fazer a boa ação eu faço a velhinha atravessar a rua, mesmo que ela não queira atravessar a rua, apenas pelo fato de fazer a boa ação. E isso virou uma analogia pra todo o resto da minha vida. Quantas vezes não nos pegamos tentando ajudar alguém que não quer ser ajudado? Ou nos metendo em situações que apenas existem nas nossas cabeças e criando grandes confusões? Eu mesma, nesse segundo semestre de 2015 fiz um pouco das duas coisas. Confesso!
E acabei por pensar em vários momentos desses que eu deveria mudar, que eu
deveria ser diferente, que eu deveria ser como falam nos treinamentos de
liderança pessoal que eu fiz e ser mais egoísta e pensar mais em mim. Que
ninguém dá valor para mim, que muitos abusam desse meu jeito e da minha
incapacidade de dizer: “não!”. No
último desses acontecimentos, foi tão próximo ao coração, porque foi uma pessoa
que eu me dediquei muitos anos, de quem eu cuidei com muito carinho e a
ingratidão, injustiça e até a infantilidade de suas palavras, cortaram fundo,
sinceramente eu ainda estava tentando esquecer que aconteceu. Só que aí há dois
dias, eu recebi uma mensagem no celular de uma conhecida, alguém que eu conheço
através do trabalho e de amigas em comum, alguém que eu ajudei com o meu
conhecimento na rede de ensino que trabalhamos e em coisas assim por dizer “burocráticas”, conselhos na área
profissional, coisas que me vieram de forma mais fácil por ter a minha mãe que
me ajudou e ajuda sempre. E na mensagem ela escreveu e eu repito as palavras
com exatidão: “E mto obrigada por esse
ano! (...) super agradeço o colo, por tds as x que me vi perdida. Vc arrasou
super na minha vida!”.
Então eu percebi que como não existe bom ou ruím, também não cabe aqui fórmula
mágica ou forma correta (leia-se igual) de fazer. Existem pessoas que vão dar
valor no seu empenho, conselho, jeito de agir etc e saberão que você é um ser
falho, como todo mundo e que no meio de toda a sua tentativa de fazer o certo,
possívelmente você vai falhar ou acabar metendo os pés pelas mãos, mas
conseguiram enxergar você no meio dessa confusão e validar o que você
significa. E se caso não conseguirem ou não souberem ou não quiserem, talvez um
dia percebam e voltem ou talvez não, mas a culpa não é a forma como você é,
você não precisa mudar quem você é, apenas usar o acontecimento como
aprendizado e melhorar. No meu caso, houveram dois incidentes chatos que
acarretaram em situações desagradáveis com quem eu gosto, essa que eu escrevi acima
onde ela só queria me contar o que acontecia com ela, como por exemplo sofrer
maus tratos e que eu só escutasse, não falasse mais nada. Eu falava novamente
que ela deveria procurar ajuda e nessa fala, ela me chamou de moralista, disse coisas que eu nunca disse
(que ela imaginou) e outras que eu disse e jogou tudo na minha cara. Eu desci
do salto, confesso! Também disse coisas que eu me arrependo agora, por estar
magoada no momento, mas ok. E da segunda vez foi algo parecido com que eu
escrevi lá em cima: das situações que só
existem na nossa cabeça. Nesse caso eu me magoei por não me “enxergarem” no meio da confusão e usarem
palavras um tanto cruéis. Que me fez pensar: “será mesmo que eu merecia ouvir tudo isso?”. E eu me desculpei,
chorei, penso nisso sempre e desde então fiquei na minha, esperando que viessem
falar comigo. Por enquanto nada. E aí eu me dei conta que como a pessoa mesmo
disse, talvez ela não tenha tempo pra mim ou não queira ter, o que me parece
mais provável, por que eu sou da opinião que a gente arruma tempo para o que a
gente quer ter tempo. Mas ok, novamente.
“Acho que eu fico mesmo diferente. Quando
eu falo tudo o que eu penso realmente. Mostro a todo mundo que eu não sei quem
sou. E uso as palavras de um perdedor”
Perdendo Dentes – Pato Fu.
De qualquer forma, a minha reflexão para 2016 é continuar me importando, me doando, me dedicando,sem me esquecer de mim ou querer abraçar mais projetos ou pessoas do que eu posso. E quando eu me deparar com situações como as de 2015 eu acredito que saberei lidar melhor com elas e se as pessoas decidirem sair da minha vida por causa disso, eu saberei que eu fui honesta com os meus sentimentos e não sofrerei por não ter feito ou dito o que eu queria fazer ou dizer. Começo esse ano mais leve e resolvida com que já foi e que não está em meu alcance mudar.
Desculpe se isso não fizer o menor sentido pra você. Apenas senti que era algo que eu deveria dizer, colocar pra fora. Sinto-me melhor agora!
Beijos.
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